Recursos tecnológicos podem contribuir para que a indústria do Brasil economize até R$ 73 bilhões por ano, estima a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Também é esperado que os custos com manutenção e energia possam ficar cerca de R$ 35 bilhões e R$ 7 bilhões mais baratos, respectivamente. Em relação à eficiência de produção, a projeção é que a economia seja de mais de R$ 30 bilhões.
A tendência é que empresas de todas as áreas do setor industrial sejam favorecidas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 84,9% das indústrias de médio e grande porte já usavam tecnologia digital avançada em 2022.
No mesmo ano, a computação em nuvem foi a ferramenta mais utilizada, com 73,6%. Em seguida veio a Internet das Coisas (48,6%), robótica (27,7%), análise de big data (23,4%), manufatura aditiva (19,2%) e Inteligência Artificial (16,9%).
Dentre as maiores vantagens da utilização de tecnologias, os principais benefícios foram a possibilidade de maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais, marcando um índice de 89,8%. Logo depois vem a eficiência, com 87,6%.
Indústria 4.0
A Quarta Revolução Industrial, mais conhecida como Indústria 4.0, se trata da adoção de máquinas, equipamentos e sistemas integrados à internet para tornar o processo de produção mais eficaz, preciso, veloz e até ecológico, já que as ferramentas digitais possibilitam um funcionamento otimizado.
Parte dessa sustentabilidade vem da própria redução de custos. As tecnologias atuais contam com funções que permitem o monitoramento detalhado de todas as etapas produtivas, auxiliando no controle de gastos desnecessários. Com a digitalização dos procedimentos, também é de se esperar que haja queda no uso de recursos naturais.
Cada setor da indústria utiliza máquinas e softwares diferentes, mas algumas tecnologias podem ser adaptadas conforme as exigências de cada área de atuação e empresa, tornando as atividades mais simples e econômicas.
Internet das Coisas (IoT)
A Internet das Coisas, ou Internet of Things, (IoT) é definida pela sinergia entre tecnologias físicas e digitais. Em outras palavras, envolve a integração de maquinários, sensores, atuadores elétricos, entre outros equipamentos, com a conectividade virtual. Por meio da internet, as máquinas conversam entre si e exercem suas respectivas funções.
Essas ferramentas conseguem executar uma série de atividades automatizadas, como mover estruturas grandes e pesadas, realizar operações complexas, produzir peças com mais precisão e rapidez etc.
A conexão 5G, chegada no Brasil em meados de 2022, pode tornar todos esses processos muito mais efetivos e produtivos, já que sua potência e velocidade permitem a existência de uma rede ainda maior e que as máquinas se comuniquem entre si de maneira quase instantânea.
Isso faz com que a rotina nas fábricas seja mais econômica devido à redução significativa de mão de obra e retrabalhos, além de mais resultados em períodos menores.
Inteligência artificial (IA) e Machine Learning (ML)
A Inteligência Artificial (IA) não tem apenas uso generativo, mas também pode ser aplicada em diversos espaços da indústria, especialmente no que diz respeito à análise de informações, identificação de problemas e soluções de segurança e economia.
Ainda que a intervenção humana seja necessária para verificar o andamento dos processos e fazer eventuais ajustes, o Machine Learning (ML) possibilita que as máquinas e sistemas possam compreender padrões de uso e dados relevantes de forma independente.
Assim, a IA aprende conforme a própria utilização, aprimorando suas habilidades e tornando suas ações mais definidas e estratégicas, sempre com o objetivo de criar resultados mais certeiros e diminuir a demanda por manutenção.
Esse aperfeiçoamento contribui para a redução de tarefas repetidas e, dependendo das configurações da máquina, pode encontrar soluções que visam a economia de energia, água, gás e matéria-prima.
Com a ajuda da IA, as empresas podem encontrar maneiras de aumentar a segurança — seja dos produtos ou dos colaboradores. Além de cuidar da qualidade de produção, as tecnologias também estimulam uma atenção mais próxima e assertiva a respeito da integridade física da força humana.
Trabalho remoto e monitoramento em tempo real
O levantamento de 2022 realizado pelo IBGE sobre a implementação de tecnologias na indústria brasileira aponta que 47,8% das empresas indústrias com mais de cem colaboradores implementaram, em algum grau, o teletrabalho.
A conectividade das máquinas pela IoT permite que inúmeras ações sejam exercidas remotamente. Com a ajuda de plataformas e aplicativos em celulares, tablets e computadores, gestores e operadores conseguem controlar diversas funções industriais sem nem ao menos pisar no chão de fábrica.
O monitoramento em tempo real também é uma grande vantagem da aplicação de meios tecnológicos — tanto no trabalho remoto quanto no presencial. A verificação de dados, gráficos, projeções e estimativas é uma ferramenta de grande importância para tomadas de decisão em relação ao dia a dia de produção, administração e logística.
Diversos planos estratégicos podem ser desenhados a partir disso, como resolução de problemas, criação de novos produtos ou processos, substituição de materiais, diminuição de desperdícios etc.
Todos esses elementos contribuem para a redução de custos — ainda mais quando são trabalhados de forma integrada.
Tendências industriais para 2025
Um relatório divulgado pelo instituto de pesquisa Venturus aponta possíveis tendências para o próximo ano que devem ser aplicadas em diversos setores, incluindo o industrial.
A Inteligência Artificial continuará em alta, enquanto as empresas também devem investir em computação quântica e blockchain para garantir maior segurança de dados, transparência e manufatura descentralizada.
Embora ainda careçam de mais desenvolvimento, tecnologias emergentes também são citadas no estudo, incluindo o avanço da robótica, Web3 (internet de código aberto) e digital twin (representação virtual de objetos físicos).